E ela acordou, sem saber o que fazer. Quando se deu por conta estava no fundo-do-poço. Falta de aviso não foi. Falta de conhecimento também não. Falta de juízo?
As palavras da mãe fazem sentido agora mas nem á ela podia agradecer, já que ela se foi para não mais voltar. Fugiu, sumiu, largou.
"Perdão? Pedir perdão a quem? A única afetada sou eu. A única errante sou eu. A única que perdeu fui eu." Repetia a jovem, como se a estivessem acusando de algo que ela não fizera
Mas no fundo ela sabe o que fez. Sabe o que faz. Tinha um objetivo, se tornar advogada. Mas quem disse que ela estudava? Sua vida se resumia em sexo e drogas. Não ouvia nada do que lhe era dito, afinal os outros são os outros, dizia ela.
Se achava dona da razão e criticava todo e qualquer ponto de vista que não coincidisse com os dela.
Quando por algum motivo, não podia sair de casa, passava a tarde trancafiada naquele quarto escuro. Apenas ela e sua máquina de escrever. Apenas ela e seu rádio velho e quebrado. Apenas ela e seu vinho. Apenas ela e seus cd's arranhados. Apenas ela e seus medos. Apenas ela e suas virtudes. Apenas ela e seu mundo.
Outro dia que chegou, e ela cometia os mesmos erros da noite anterior. Ria pelas mesmas besteiras,brigava com as mesmas pessoas, frequentava os mesmos botecos que cheiravam a rancor. Mas nunca, em nenhum de seus dias iguais eu a vi chorando. Se é que aquilo chorava.
Talvez passasse os dias no seu quarto chorando. Reclamendo por não mais poder corrigir os seus erros, não achar mais graça em problemas, não poder rasgar a folha e passar tudo a limpo. Talvez chorasse por sempre repetir tudo. Por sempre errar tudo. Por sempre se fazer forte. Por sempre se achar superior. Talvez chorasse por saber que atrás da máscara orgulhosa, houvesse nada mais que carência. Talvez chorasse por saber que ninguém mais nela confia. Talvez chorasse por saber que tudo o que lhe resta é viver todos os dias da mesma melancólica forama. Talvez chorasse..
e talvez essa garota com suas palavras melancólicas e fortes que são a mais pura realidade fantasiada nos faça chorar, repensando a hipocrisia e a futilidade em que se tornou viver.
ResponderExcluira pura realidade
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